“Tocando no Absurdo: O Ciclo de Consumo e a Busca pelo Significado”

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Sentir uma ansiedade avassaladora é uma experiência que muitos de nós enfrentam, e esse desafio é particularmente prevalente no Brasil. Segundo o relatório de saúde mental de 2019 da Organização Mundial da Saúde, o Brasil lidera o ranking global de transtornos de ansiedade, com cerca de 9,3% da população convivendo com esse problema.

Essa introdução nos remete a uma reflexão profunda. Imagine alguém em uma sessão de psicoterapia que percebe que suas buscas incessantes por felicidade não podem ser preenchidas por compras impulsivas e descontroladas. Essa pessoa reconhece a armadilha em que está presa, um ciclo interminável de ansiedade, compras, dívidas, culpa, seguido novamente por ansiedade e mais compras.

Esse ciclo vicioso nos faz lembrar de uma ideia filosófica poderosa conhecida como “O Absurdo”, explorada pelo renomado escritor Albert Camus em seu ensaio “O Mito de Sísifo”. Camus, uma figura central no existencialismo, nos convida a considerar a natureza intrinsecamente absurda da existência humana. Ele argumenta que a vida muitas vezes parece destituída de um propósito objetivo, levando-nos a buscar significado em um mundo que aparentemente carece dele.

A sensação de absurdo pode ser relacionada à forma como as pessoas se perdem no consumo excessivo e nas compras como uma busca pela satisfação. Muitas vezes, acreditamos que a próxima compra nos trará felicidade e significado, mas essa busca incessante por bens materiais frequentemente nos deixa insatisfeitos, perpetuando um ciclo sem fim de consumo e desejos incontroláveis.

A filosofia do “Absurdo” de Camus pode ser aplicada a essa dinâmica. Muitas pessoas investem tempo e recursos significativos em adquirir coisas que, no fim das contas, não preenchem o vazio existencial. Essa busca incessante pode obscurecer nossa compreensão mais profunda da existência e da verdadeira fonte de felicidade.

Uma possível resposta ao “Absurdo” é encontrar significado na própria jornada, nas conexões humanas e na criação de experiências enriquecedoras. Em vez de buscar satisfação em bens materiais, muitas pessoas encontram um propósito mais profundo ao se envolver em atividades criativas, voluntariado, desenvolvimento de relacionamentos sólidos e contribuição para a comunidade.

Resumindo, o “Absurdo” de Camus nos lembra que a busca constante por satisfação através do consumo pode ser um ciclo vazio e sem sentido. É essencial reconhecer que a verdadeira satisfação e significado na vida podem ser encontrados em fontes mais profundas, como relacionamentos, propósito e conexão com o mundo ao nosso redor. Essa reflexão nos convida a repensar nossa busca incessante por mais e nos encoraja a valorizar o que realmente importa em nossa jornada.

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Celso Sant'Ana

Psicólogo Técnico Responsável: CRP – 04/31124

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